Reciprocidade

Reciprocidade é uma palavra interessante. Ela é derivada do que é recíproco. Mas o que faz algo ser reciproco? Se você for ao dicionario, encontra a definição de que é algo mútuo.

O que acho curioso é que quase sempre nos referimos a esta palavra quando pensamos em relacionamento. Um relacionamento tem que ser recíproco. Tem que existir um mutuo interesse para que ambos se sintam seguros e aceitos. Quando esse interesse não é assim a ansiedade, insegurança, duvida, questionamentos se instauram. 

Para mim isso é algo que me consome. Eu começo a ficar pensando no que foi que eu fiz. Busco entender e conhecer a outra pessoa para tentar perceber como ela é. Mas se não existe a reciprocidade essa descoberta fica difícil. Pois em uma relação essa troca tem que ser uma via de mão dupla. 

Podemos encontrar na internet diversos tipos de conteúdo sobre esse assunto, muitos disseminam que você tem que ser você mesmo, fazer o seu melhor agir genuinamente. Outros dizem que você deve meio que agir como se estivesse em uma disputa, quem dá mais tem que receber mais, quem recebe menos também dá menos. 

Eu acredito que tudo isso poderia ser simplificado se tudo fosse mais explicito, ambos os lados, se não tá legal a frequência de mensagens ou algum outro motivo, diga o motivo que não esta legal, se esta pouco, demonstre o que falta, se esta muito demonstre o que é muito. Se quer saber de algo pergunte e a outra parte explique, se no momento não tem a resposta para a pergunta que pense e dê um retorno, e retorne de fato não iluda a quem demonstra genuíno interesse. Caso tenha se esquecido do retorno, não se ire ou fique nervoso caso a pergunta volte a acontecer, também caso tenha dado retorno, não se irrite caso o outro se esqueceu do que foi falado. Ambos devem ter jogo de cintura, ser flexível.

Acredito que há um fator diante disso tudo que faz as pessoas agirem de modo contrario a reciprocidade. É o julgamento e a fofoca. 

Quando nos expomos e somos sinceros, verdadeiros e genuínos, isso não dá direito ao outro de levar adiante o que foi aberto a ele. Agir assim demonstra uma falha de caráter. Quem age dessa maneira é que está equivocado em seu modo de agir e não respeita as emoções e sentimentos de quem confiou algo intimo e pessoal a ela. 

O que carregamos em nós de maior valor são coisas nossas, nosso intimo do nosso coração, pensamentos emoções e como vemos o mundo ao nosso redor. Expor isso a alguém é algo de valor inestimável, porém pessoas egoístas, falsas e sem caráter usam essas informações para zombar, denegrir, expor e machucar a quem falou.

Em uma relação, por que a falta de reciprocidade é tão incomoda? Eu acredito que é por causa dessa balança imaginaria que criamos, aonde um parece dar (expor) mais de si do que o outro, um começa a se perceber mais vulnerável do que o outro, pois já expôs muito de si e o outro tem muita informação que pode ferir as emoções e sentimentos de quem se expôs. 

Ninguém quer ser ferido em seus pontos mais íntimos, mas como pode existir reciprocidade se não acontecer essa exposição? Em quanto tempo a reciprocidade leva para acontecer? Ela é instantânea? O que faz alguém decidir expor a si para outro? Por que é importante essa atitude em um relacionamento? E por que em momentos de ira, pessoas atacam um ao outro em seus pontos mais íntimos?

Perguntas, reflexões e questionamentos. Ninguém pensa nisso quando se relaciona, talvez pessoas mais pé no chão, pensem. Talvez pessoas que já sofreram tanto se expondo e não sendo entendidas por quem recebia a informação, pensem em se expor ou não. Talvez pessoas que querem trazer segurança ao outro e se expõem como uma maneira de assegurar a aceitação do outro, acho que me enquadro no terceiro caso. Enfim, é complexo.

A reciprocidade para mim é quase como um pingue-pongue, deve acontecer de maneira divertida, genuína, segura e envolta em paz de espirito. Sem julgamentos, sem preconceitos, de maneira leve, verdadeira e transparente.

Eu faço tentativas de quantas coisas exponho, nunca contei para ter um número exato. Com certeza são mais que 1 e menos que 15 ou 10 situações que me expõem que acabo compartilhando.

Quando essa troca não acontece, meu coração se perturba, fico aflito, me sinto como uma vidraça que pode receber uma pedrada e ser despedaçada a qualquer momento. Fico tenso, incomodado, pareço quele felino que esta em posição para o bote e que não sabemos quando acontecerá, aquele momento de tensão entre do ataque e o silencio do felino. É essa a sensação que tenho. Fico sem chão, perco a paz.

Pior, minha mente se enche de questionamentos, duvidas, perguntas sem respostas, percepções sem certeza, vira um caos. E fico mais perturbado ainda, quando pergunto ao sujeito que pode me dar as respostas e não tenho as respostas que procuro. O que fazer diante disso?

Ainda não sei como agir. Me afastar? Ignorar? Fingir que esta tudo bem? Sofrer em silencio? Abafar dentro de mim todas essas duvidas e emoções? Não sei.

Talvez, deixar ir, nem todos estão preparados para receber o que temos a oferecer. 

Ao deixar ir, não olhar para traz. Seguir, olhar para si, talvez sofrer, identificar a nós mesmos, aprender o que é preciso e continuar caminhando. Talvez deixar de se expor tanto da próxima vez ou não acreditar que a confiança seja como uma barganha.


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