Cura

Acordei no meio da noite. Pensando o que tenho feito para ser alguém melhor do que sou hoje. Também pensei nessa palavra que é o titulo desse post. Pensei: será que existe pessoas que podem ser a nossa cura? Sera que encontramos nossa cura nos outros ou em nós mesmos?

Mas cura para que? Eu me refiro a curas emocionais, traumas, inseguranças, no modo como vemos a nós mesmos.

Penso que assim como podemos adoecer/ferir alguém com o que falamos, também podemos trazer conforto e cura. Não que seja algum poder que contemos, mas sim que nossas palavras podem fazer a diferença na pessoa que convive conosco, que está sempre com a gente, que torce pelo nosso sucesso, que deseja nos ver feliz.

Eu vivi situações em minha vida que acredito eu poderia ter entrado em um tipo de depressão profunda ou adoecido gravemente. 

Quando mais novo, acreditava naquele amor do cinema, aquele amor que era romântico, lindo, história de filmes e cinema. Permaneci virgem até próximo aos meus 30 anos, me casei com a mulher que perdi minha virgindade. Mas logo após minha lua de mel, ela me revela que não tinha casado virgem. Fiquei sem chão, fiquei chateado, pensava "por que ela não revelou isso para mim antes?" não me importava com isso na verdade, o que me fez ficar assim chateado é que para mim, pareceu que ela esperou ter um documento assinado para revelar mais dela. Eu era bem realista, apesar de ser romântico e sonhador. Tinha consciência que encontrar uma mulher que preservasse sua virgindade seria algo bem incomum. Eu me senti de certa maneira traído. 

Mas depois de alguns minutos, talvez horas, eu pensei "levante, sacode a poeira e faça o seu melhor independente disso", foi assim, eu encontrei forças em mim para deixar pra lá esse 'orgulho ferido' dentro de mim. Sera que isso é um tipo de cura? Se eu levasse isso de outra maneira, poderia ter adoecido, poderia ter sido consumido por algum tipo de sentimento que acabaria comigo, com ela, e com um casamento recém iniciado.

Como eu não tinha experiencias com relacionamentos, como tenho hoje, eu acreditava que ela poderia mudar, fazia coisas para tentar mudar ela. Era duro muitas vezes em minhas criticas, deixava ela sufocada, mas eu não percebia que fazia isso. Ela não sabia como expressar isso para mim. Como sonhador também pensava e cria, que algum dia ia cair a ficha dentro dela que dizia a ela "agora é a chance de eu fazer tudo novo, viver algo diferente do que vivi até aqui" Eu não sei se isso aconteceu, penso que não, mas é como eu percebi isso em minha concepção, minha verdade, meu julgamento.

Para mim, eu imaginava nela assim: Casamos; vai cair a ficha; não caiu. Compramos um carro; vai cair a ficha; não caiu. Se formou; vai cair a ficha; não caiu. Tivemos um filho; vai cair a ficha; não caiu. Compramos uma casa; vai cair a ficha; não caiu. Enfim, momentos que para mim foram marcantes, momentos que eu via como uma grande conquista, como uma vitória, nesses momentos eu acreditava que ela iria "vibrar" como eu vibrava.

Acredito que ninguém se casa para se separar. Buscamos a felicidade. Bom, eu queria realmente que ela fosse completa comigo e eu completo com ela (aquela ideia romântica do cinema), mas não foi assim, ela me deixou, foi viver com outra pessoa do mesmo sexo. Como é isso para mim? No inicio eu achei muito absurdo, tínhamos convivido por 10 anos, nos casamos em 2007/2008, passamos por algumas coisas juntos. Crises de relacionamento que são normais em qualquer casamento. Lidamos com a imaturidade um do outro, tivemos um filho, enfim. Atualmente para mim isso é confuso, não tenho preconceito, acredito que ela possa ter se encontrado, penso que ela pode estar sendo realmente quem ela é, sendo feliz e quando vivia comigo, talvez, ela estivesse atuando, representando algo que é "correto" diante da sociedade. 

Em nosso acordo de divórcio, eu optei por ter a guarda domiciliar do meu filho, pois me preocupei muito com as emoções, psique e sentimentos dele. Já é confuso para um adulto entender estes casos de homossexualidade para uma criança que vê tudo mudar de repente deve ser muito mais. Acredito que dentro de mim isso esteja resolvido. As vezes comento sobre o assunto não sei identificar se faço certo ou errado de me expor assim.

Mas voltando a falar sobre cura, pessoas sim são importantes nesse processo. Compartilhar experiencias nos ajudam a perceber como o outro lidou com determinada situação, como ele conseguiu contornar uma dificuldade, muitas vezes pode até ser algo similar ao que vivemos. Também esse compartilhar pode nos revelar algo que não é a melhor maneira de lidarmos em determinada situação. Em momentos de crise, é difícil parar e pensar pois as emoções e sensações do momento interferem nesse processo.

Você pode ser a cura para alguém? Já pensou que o que você vive, e como lidou com as situações pode auxiliar alguém a resolver uma encruzilhada no momento que ela vive? Mas isso não lhe da o direito de se considerar superior a ninguém.

Escute o que o outro tem a dizer, sem julgamentos. Antes de começar a falar, pergunte se a pessoa quer saber o que você tem a dizer. Compartilhe o que você viveu com verdade e sem medo. Ao compartilhar, não se preocupe se você está agradando ou não. Seja você. 

Você é capaz de encontrar sua cura, investigando seu interior, compartilhando com pessoas que confia suas dificuldades, tristezas e alegrias, ouvindo experiencias de quem escolheu compartilhar um pouco do que é dela com você. Valorize e respeite isso.

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